quarta-feira, 16 de novembro de 2011

“A vida de um jornalista”


Mário Renato Gomes Marona
Com larga experiência na chefia de equipes de reportagem, o jornalista Mario Marona, em sua página no Facebook, também se manifestou:
“Já comprei brigas que não queria em situação equivalente, mas vou repetir o que penso: a emissora que manda um cinegrafista cobrir um confronto entre policiais e bandidos “protegido” por um colete de imprensa apenas à prova de tiros de revólveres é responsável, também, pela morte dele. É possível – e não afirmo que é certo para não cometer uma injustiça – que Gelson Domingos estivesse vivo, agora:
1 – se fosse orientado a não se aproximar do conflito, ficando à distância segura, mesmo que isso prejudicasse um pouco a qualidade das imagens.
2 – se, orientado a filmar de longe, recebesse a ordem de fazer de perto apenas o rescaldo da operação depois do tiroteio, quando houvesse mais segurança para o trabalho dos jornalistas no local.
3 – se algum chefe experiente e menos ansioso dissesse a ele e a toda a equipe que estas imagens, anda que chocantes, não valem a vida de um jornalista e, portanto, não são assim tão necessárias.
4 – se as emissoras concluíssem, como deviam, que seus jornalistas não estão cobrindo a guerra do Vietnã ou do Iraque porque, se estivessem, teriam seguro de vida, usariam uniforme especial, estariam sob proteção das Forças Armadas do país cuja ação estivessem acompanhando e teriam, enfim, tantas imagens e tão ricas que poderiam ser feitas à distância segura.
5 – se as emissoras e os jornalistas parassem para avaliar se vale mesmo a pena botar a vida de um profissional em risco para conseguir meia dúzia de sobe-sons de tiros apenas para obter mais alguns pontinhos no Ibope.
6 – se todos os chefes que mandam estes jornalistas buscar imagens sem tanta importância com o risco de suas vidas fossem, eles próprios, de vez em quando, aos locais dos conflitos, para ver o que é bom pra tosse”.

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